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MAZELA 2: Mato Grosso do Su - 'A vida por um fio' de cerol, Rosildo Barcelos

Fonte: http://www.aquidauananews.com/imprimir.php?news_id=142305

Terça-feira, dia 03 de Março de 2009 às 10:40hs


A vida por um fio
Prof Rosildo Barcellos

Eu vou passar cerol na mão, assim, assim
Vou cortar você na mão, vou sim, vou sim
Vou aparar pela rabiola, assim, assim
E vou trazer você pra mim, vou sim, vou sim
Eu vou cortar você na mão
Vou mostrar que eu sou tigrão
Vou te dar muita pressão
Então martela, martela, martela o martelão
Levante a mãozinha, na palma da mão
É o Bonde do Tigrão...
Cerol na Mão (DJ da Pipo’s /tigrão / Antonio Carlos/Rita Marques)

Quantos já se divertiram com a letra dessa música, outros com o filme e o livro ‘O caçador de pipas’ .Música e arte se misturam como nunca nesse tema.

Acrescente-se que a guerra de pipas com cerol é uma tradição no Afeganistão e uma diversão perigosa no Brasil. A arte tem retratado a realidade e neste caso, tanto a música quanto o filme acontecem longe do trânsito.

Entretanto quando ela chega a nossa realidade as lágrimas poderão calar o sorriso e a brincadeira de outrora.

Na verdade o Cerol é uma mistura de cola de madeira com vidro moído que as crianças passam na linha dos papagaios,pandorgas e pipas para cortar a linha das pipas de outras crianças.

Esta mistura de cola e vidro moído faz com que a linha se torne uma verdadeira navalha causadora de muitos acidentes fatais. São utilizados também variações de pó cortante, o mais comum é o pó de ferro. O pó de ferro tem um agravante, pode conduzir eletricidade quando toca nos fios de alta tensão provocando curtos circuitos e até morte em quem solta as pipas.

Os maiores riscos são os cortes causados pelas linhas, os motociclistas e parapentistas são as principais vítimas, que em caso de acidentes tem alguma parte de seu corpo cortada.

No caso dos motociclistas e mototaxistas o pescoço é a parte mais atingida, principalmente devido à falta de proteção. Neste local passa uma artéria de grande calibre e o corte desta pode provocar um sangramento muito intenso causando a morte em poucos minutos.

Existem casos de pessoas que tentaram retirar a linha do pescoço e tiveram seus dedos amputados. Capacetes sem as viseiras podem favorecer o corte no rosto e olhos.

A utilização do cerol é crime e tem leis específicas em cada estado como São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Muitas cidades têm leis municipais próprias onde os estados não tiveram o cuidado de criar leis estaduais.

No caso de Mato Grosso do Sul seu uso é proibido por lei proposta pelo Deputado Coronel Ivan e por uma lei municipal de Campo Grande. A lei estadual estabelece multa de 20 UFERMS em caso de descumprimento, e o dobro do valor em casos de reincidência em menos de dois anos.

Em caso de menor de 18 anos, o responsável responderá pela titularidade ou seja: multa de R$ 249,6o para quem for pego utilizando linha com cerol e em caso de menor de idade, para o responsável, a legislação municipal pune com multa de R$ 170.

Algumas cidades estão mais avançadas nesse sentido,por exemplo em Ribeirão Preto existe um telefone à disposição da população para receber denúncias sobre a venda de cerol.

O telefone é o 0800-7719856 e a pessoa que fizer a denúncia não precisa se identificar. Naquela cidade a multa para quem vender cerol é de até dez salários mínimos e o estabelecimento pode ser fechado.

Voltando o foco para o nosso estado, segundo a lei estadual, a multa pode dobrar em caso de reincidência. E no que tange a lei municipal, esta, remete ainda a uma regulamentação quanto ao poder de polícia sobre as infrações.

Como geralmente quem empina pipas são crianças, inimputáveis, os pais ou responsáveis devem arcar com as penas impostas no caso de comprovação do uso de cerol.

Por enquanto um método paliativo é equipar as motocicletas com antenas que custam de R$ 8 a 15 reais e prestar muita atenção por onde está transitando ( bicicletas e motos).

Falta ainda uma política de conscientização que pode começar na escola, tratando nas aulas onde o assunto seja folclore a importância histórica do brinquedo mas concomitantemente o cuidado que devemos ter quando de sua utilização .

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