Você sabia que o deserto do Saara já abrigou uma grande floresta úmida?

Você sabia que o deserto do Saara já abrigou uma grande floresta úmida parecida com a Floresta Amazônica?

Pinturas rupestres e fósseis indicam que a região possuía uma grande biodiversidade. O período úmido africano começou há 14.000 anos, após a última era do gelo, e terminou há 6.000 anos.

Dunas do deserto ocidental do Egito. © Aldo Pavan / Sime / eStock Photo

Nesse período, havia mais chuvas porque a monção do norte da África era mais forte e penetrava no continente africano, levando muita chuva para a região que hoje é o deserto do Saara.

E como se descobriu isso? Pela análise dos sedimentos marinhos da costa oeste da África. Os ventos da região transportam sedimentos que se depositam no fundo do oceano Atlântico. Em épocas mais secas, há um maior transporte de material, produzindo camadas mais espessas. O contrário acontece em épocas mais úmidas.

Pesquisas anteriores indicavam que as alterações climáticas do Saara dependiam dos ciclos de glaciação, que duram 100.000 anos. Pesquisa recente aponta que a força das monções dependem da alteração da quantidade de luz solar causada pela oscilação do eixo terrestre, cujo ciclo tem 20.000 anos. Nessa pesquisa, foram analisadas detalhadamente camadas de sedimentos depositados nos últimos 240.000 anos.

A análise foi feita medindo a concetração de tório no material coletado, pois esse mineral se fixa nos sedimentos acumulados no fundo do mar. Quanto maior a concentração de poeira, maior a concentração de tório e vice-versa.

Além disso, percebeu-se que a espessura da camada não dependia somente do transporte de poeira, mas também da composição química da água dos oceanos, que se tornam mais ácidas durantes as eras do gelo, corroendo o carbonato de cálcio - como as conchas de animais marinhos, tornando as camadas mais espessas.

Detectou-se, portanto, que as condições climáticas do Saara oscilaram entre áridas e úmidas a cada 20.000 anos, fenômeno causado pela acidificação das águas do oceano e a modificação das monções do norte da África sob a interferência da inclinação do eixo terrestre.

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Nos últimos 240.000, pelo menos, que foi o período analisado, as condições climáticas do Saara variaram diversas vezes entre secas e úmidas, entre floresta e deserto.   

Para saber mais: https://news.mit.edu/2019/study-regulating-north-african-climate-0102