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Os benefícios do ENEM

A prova do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) tem sido alvo de críticas sobre a sua conveniência ou qualidade no que se refere ao ingresso na universidade pública. No novo sistema, as universidades públicas utilizam parcial ou integralmente o resultado dessa prova como critério de seleção.

Antes de entrar nas questões pedagógicas e sociais, não devemos esquecer as falhas do Exame. Inicialmente, devemos aceitar o fato de que elas continuarão acontecendo. Além disso, o ministério da educação tem agido rapidamente para resolver os problemas ocorridos. Afinal, há algum exame imune a práticas criminosas? Vale lembrar do “Enem” dos Estados Unidos (o Scholastic Assessment Test – SAT), que anula alguns milhares de provas todos os anos por suspeita de fraude, o que nos leva a concluir que não existe sistema 100% seguro.

As falhas são realmente lamentáveis, mas devemos levar em conta também os interesses de bastidores, como a iniciativa privada que deseja a perpetuação dos cursinhos e a oposição que sempre gosta desse prato cheio. Já ouvi que os cursinhos pré-vestibulares foram substituídos pelos cursinhos para o ENEM. Alguém verdadeiramente acredita que em poucos meses podem ser ensinados aos alunos senso crítico, capacidade de raciocínio e atualidades? Esses cursinhos não conseguem preparar minimamente o aluno que não possui um histórico de leitura e estudo constante.

O Exame, ao contrário do sistema antigo (vestibular), em que o aluno era obrigado a memorizar uma quantidade imensa de informações, privilegiará o raciocínio e a capacidade de resolver problemas em quatro áreas de conhecimento: linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; e ciências da natureza e suas tecnologias.

O conhecimento matemático cobrado no vestibular sempre exigiu o domínio de fórmulas. Na área de matemática e suas tecnologias, o ENEM cobra questões contextualizadas que exigem a interpretação de problemas matemáticos. É uma prova que cobra o raciocínio lógico: uma bomba para quem está acostumado a decorar macetes e fórmulas prontas.

Na área de ciências humanas e suas tecnologias, a prova cobra conhecimento de história, sociologia, geografia e filosofia. Geralmente, as questões tratam do período pós-guerra (após 1945) com um tom mais reflexivo e crítico. Manter-se atualizado é essencial para a resolução dessas questões.

Na área de linguagens, códigos e suas tecnologias, a prova cobra conhecimento de português, literatura, artes, educação física e línguas. O aluno pode optar entre inglês e espanhol. As questões exigem mais interpretação do que gramática, e o aluno que tem visão critica, que lê bons jornais/revistas e portais, sai na frente.

Em ciências da natureza e suas tecnologias, a prova cobra conhecimentos de química, física e biologia. Conteúdos como as novas formas de energia e preservação ambiental estão entre os cobrados na prova. Ao ler uma notícia, o aluno deve buscar as relações com as outras áreas de conhecimento. Como nas outras áreas, a leitura aliada ao raciocínio e à reflexão devem fazer parte do cotidiano do aluno que quer ter sucesso nessa prova.

A instituição de ensino pode aplicar pesos diferentes às questões das diversas áreas para buscar um aluno de acordo com o perfil do curso. Por exemplo, para o curso de Medicina, a universidade pode atribuir um peso maior às questões da área de ciências da natureza. Em caso de desempate, nada melhor que a boa e velha redação para decidir quem ficará com a vaga.

Além dos benefícios pedagógicos, outra vantagem deve ser destacada. O SISU (Sistema de Seleção Unificada) prevê a oferta para 2012 de 100 mil vagas nas universidades públicas para estudantes que fizerem a prova. Para concorrer às vagas dessas universidades, os alunos não precisam viajar para fazer várias provas em uma maratona que privilegiava os mais abonados. Além disso, há instituições que reservam vagas para indígenas, negros, egressos de escola pública, dentre outros. Outra inovação do ENEM: a prova será aplicada para pessoas em situação de privação de liberdade. É improvável que alguma universidade esteja disposta a realizar a sua prova de acesso dentro de alguma prisão.

O ENEM, aliado aos SISU, funciona como um instrumento de reequilíbrio social ao buscar direcionar algumas vagas das universidades públicas para aqueles que não teriam essa chance no vestibular.

Portanto, quem não gosta do ENEM?

- quem não consegue abandonar as listas de fórmulas e macetes e dar aulas de forma mais reflexiva e crítica.

- quem acha que decorar as apostilas de cursinho é tudo de que um aluno precisa.

- quem acredita que, fora do seu limitado mundo, tudo deve ser perfeito, sem nenhuma falha ou tentativa de fraude.

- quem acredita que as diferenças sociais devem continuar a determinar o acesso às universidades públicas.

Links relacionados:

ENEM: http://enem.inep.gov.br

SISU: http://www.sisu.mec.gov.br

Provas do ENEM:

- Sábado, dia 22/10/2011:

http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2011/01_AZUL_GAB.pdf

http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/gabaritos/2011/01_AZUL_GABARITO.pdf

- Domingo, dia 23/10/2011

http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2011/07_AZUL_GAB.pdf

http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/gabaritos/2011/07_AZUL_GABARITO.pdf

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- Download das provas do ENEM 2009 Fraude com gabarito

- Teste ENEM 2009 Ciências Humanas e suas Tecnologias


2 comentários:

  1. Muito bom mesmo o post, concordo plenamente...

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  2. Enfim alguém informado se expressou a favor do exame, não que as críticas não sejam cabíveis, mas o Enem também tem seus pontos positivos... Parabéns

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